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"A Criação do Patriarcado", de Gerda Lerner e a origem da violência sexual contra mulheres

MATERIAL REFERENCIAL PARA A PESQUISA DA OBRA "EU TU ELAS"


Desde “Mulheres que me habitam”, pesquiso incansavelmente os caminhos que levaram o imaginário coletivo masculino de que as mulheres possuem corpos disponíveis para a dominação e violência patriarcal.


Recusava-me a acreditar que sempre fora assim, pensava no quanto a teoria cristã tinha papel fundamental na construção e violência de gênero a partir da fábula de Adão e Eva, não apenas ao que diz respeito a subordinação da existência de Eva “nascente” da costela de Adão, mas por julgá-la responsável pela expulsão do paraíso e pela queda da humanidade.



Para além da fábula cristã, a Antropologia, a História, a Sociologia, entre outras ciências apresentam estudos pautados em dados concretos para a origem da humanidade e as construções sociais, e durante as minhas pesquisas encontrei-me com Gerda Lerner, que levou oito anos para concluir a obra “A CRIAÇÃO DO PATRIARCADO – História da opressão das mulheres pelos homens”.

Sua pesquisa começa com algumas perguntas sobre a origem e a preservação do sistema patriarcal que subjuga e violenta mulheres há tanto tempo. Em sua obra ela faz uma reflexão sobre a construção da sociedade afirmando que:


“assim como os homens, as mulheres são e sempre foram sujeitos e agentes da história, uma vez que as mulheres são a metade e às vezes mais da metade da humanidade...” e continua “As mulheres fizeram história, mesmo sendo impedidas de conhecer a própria História e de interpretar a história, seja a delas mesmas ou a dos homens.”.

Nas buscas por respostas para suas perguntas, Lerner cita Lévi-Strauss, antropólogo que identificou o comércio de mulheres em sociedades tribais na Antiguidade e afirma que nesse processo de comercialização as mulheres

“passam a ser desumanizadas e vistas mais como coisas do que como seres humanos”. Então Lerner segue com suas questões: “Mas por que as mulheres eram comercializadas, e não os homens?” Dentre algumas respostas encontradas pela autora está a de que “As mulheres seriam coagidas com mais facilidade, muito provavelmente por meio de estupro.”.

O estupro coagia e a maternidade compulsória submetia as mulheres sequestradas como escravas dominadas pelas tribos rivais, pois segundo Lerner com o nascimento dos filhos, fruto de estupro, casamentos forçados, entre outras práticas de violência, as mulheres apresentavam menor resistência em fugir ou vingarem-se das tribos adversárias por criarem laços maternos com as crianças paridas.


Com o desenvolvimento da agricultura, homens, mulheres e crianças passaram a ter papel fundamental na produção de alimentos, e a necessidade de mão de obra agravou a sujeição de mulheres sequestradas.


“ Neste estágio, as tribos buscam adquirir o potencial reprodutivo das mulheres, em vez das mulheres em si. Homens não geram bebês diretamente; assim, as mulheres, não os homens, é que são comercializados.”

Entender que o estupro não é uma violência relacionada ao prazer, mas ao poder, já era premissa para as discussões pautadas para “EU TU ELAS”, mas buscar junto a obra de Gerda Lerner respostas para esta violência, compreender a origem e, infelizmente, constatar que há milhares de anos a mulher é objetificada, comercializada e violentada a fim de promover poder e riqueza aos homens, tem sido fundamental para a construção e elaboração de pensamentos sobre o debate que “EU TU ELAS”, pretende discorrer.


Historicamente mulheres são tratadas como objeto e tem seus corpos utilizados como moeda de troca para satisfazer as demandas patriarcais, não há como mudar o passado, mas precisamos evoluir com este debate para definitivamente mudar o presente e o futuro.


Este projeto é beneficiado pelo ProAC Editais 20/2022, promovido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.




 
 
 

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Eu sou Claudia Jordão, autora dos livros "Mulheres que me habitam" e "EU TU ELAS", ambos publicados pela Alpharrabio Edições.

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