A Escrita de Si e as Artes Visuais
- mulheresquemehabitam
- 18 de fev.
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de fev.
No segundo encontro do “Estúdio Literário - Elas, uma escrita de si”, projeto que realizei durante o mês de agosto de 2024, contemplado pela Lei Paulo Gustavo, promovida pela Secretaria de Cultura e Juventude de São Bernardo do Campo, mulheres se reuniram na Biblioteca Pública Municipal Monteiro Lobato, para compor a palavra, quebrar os padrões hegemônicos estabelecidos e, sobretudo, se escrever e se inscrever nesse mundo.
Juntas, participamos de um processo de investigação plural, que nos aproximou da palavra por meio da escrita, das artes visuais, da instalação, da música, e, principalmente, da poesia. Experimentamos materialidades para que a palavra se tornasse concreta pelo traço de um lápis, de um pincel ou de uma melodia.

No segundo dia de encontro, a artista Luiza Marcon mediou uma oficina de escrita de si por meio da aquarela. Foi um encontro de uma boniteza sem fim, que resultou em cartazes feministas belíssimos!
Antes da mediação da Luiza, levei para o encontro referências de mulheres que usaram as artes plásticas e a fotografia como ferramenta para uma escrita de si. A primeira artista que apresentei para as participantes foi a pintora barroca italiana Artemisia Gentileschi, que conheci por meio da Maria Giulia Pinheiro, coordenadora do Núcleo de Dramaturgia Feminista.
Artemisia Gentileschi (Roma, 8 de julho de 1593 – Nápoles, 1656) foi uma pintora barroca italiana, considerada hoje uma das mais bem-sucedidas pintoras de sua época. Aos 17 anos, Artemisia foi estuprada por Agostino Tassi, um acontecimento que transformou sua vida e influenciou praticamente todas as suas obras. Suas pinturas frequentemente retratam cenas em que homens são atacados por mulheres em busca de vingança, como em Judite Decapitando Holofernes e suas várias versões.


Outra artista apresentada foi Cindy Sherman ( Glen Ridge, 19 de janeiro de 1954 ), fotógrafa e diretora de cinema norte-americana, mais conhecida por seus autores conceituais. Por meio de um vasto conjunto de trabalhos, Sherman levantou questões importantes e desafiadoras sobre o papel e a representação das mulheres na sociedade, na mídia e na criação artística.


Também falamos sobre Francesca Woodman , fotógrafa italiana que faleceu aos 22 anos, vítima de suicídio decorrente de depressão. Apesar de ter morrido no anonimato, sua obra foi exposta 35 anos após sua morte, no Museu da Espuma, em Amsterdã. Paradoxalmente, ao nos mostrar tanto de si, Francesca manteve o mistério: revelou sua alma, mas não sua presença nem sua vida ( 1958-1981 – EUA ).


Ana Mendieta foi performer, escultora, pintora e videoartista cubana, mais conhecida por suas obras de arte "corpo-terra". Nascida em Havana, chegou aos Estados Unidos como refugiada em 1961. Em setembro de 1985, morreu ao cair do 34º andar do prédio onde morava com o marido, Carl Andre, em Nova York. A morte de Mendieta dividiu o mundo da arte: André foi julgado por execução e, ainda que tenha sido absolvido, muitos ainda o julgam suspeito.
Por fim, apresentei Renata Egreja , nascida em São Paulo em 1984. Renata iniciou seus estudos em Artes Visuais na FAAP e concluiu a formação na École des Beaux-Arts de Paris, onde também obteve seu mestrado em 2010.
Renata Egreja e o feminismo materno como base para uma arte política Renata Egreja
As materialidades textuais e visuais criadas pelos participantes foram reunidas em um e-book, que pode ser acessado AQUI.
Este encontro foi de uma boniteza sem fim!
Esta postagem faz parte da série de contrapartidas do projeto Elas, uma escrita de si, beneficiado pela Lei Paulo Gustavo de São Bernardo do Campo, por meio do Edital 23/2023 – Estímulo à Leitura e à Escrita em Bibliotecas Públicas Municipais.
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