Precisamos fazer esta máquina patriarcal parar!

Eu, filha mais velha de 5 filhos, fui a cobaia da saga: construção de uma família perfeita! Fui a experiência de como se deve criar filhos bons para a sociedade, ou melhor, para a família de bem!

Neste processo de reflexão sobre a minha trajetória, recentemente, despertei junto a um Bando de Mulheres, para a criança que fui!

Fui primeira filha, primeira neta, primeira sobrinha, primeira mulher da minha geração, na família. Fui a primeira a ser lembrada todos os dias que eu era uma menina e por isso não podia fazer ou me comportar assim ou assado.

Minha mãe, a primeira filha, a primeira neta, a primeira sobrinha, a primeira a ser lembrada todos os dias que era menina e por isso não podia fazer ou se comportar assim ou assado.

Minha filha, a primeira filha a primeira neta, a primeira mulher da sua geração, e sim, a primeira a ser lembrada que era menina e que por isso não poderia fazer ou se comportar assim ou assado.

Que inferno!

Entendem o inferno?

Reproduzir o machismo é um inferno pra todas nós!

Minha mãe, viveu a sua vida tentando agradar as pessoas, tentando ser aceita por elas, tentando ser uma pessoa que se encaixava!

Eu, vivi a minha vida tentando agradar as pessoas, tentando ser aceita, tentando ser uma pessoa que se encaixava!

Minha filha, viveu até aqui, tentando agradar as pessoas, tentando ser aceita, tentando ser uma pessoa que se encaixava!

Que inferno! Que merda!

Entendem o que isso significa?

Eu, minha filha e minha mãe, fomos vítimas de abuso, dos mais variados! Amigos, família, companheiros, pessoas que nem conhecemos direito!

Escrevo isso chorando, porque é um inferno, um inferno lembrar das coisas que se repetiram, das merdas que fomos obrigadas a passar, das humilhações e das opressões pelas quais fomos vítimas!

Mulheres, precisamos nos unir! Precisamos fazer esta máquina patriarcal parar! Precisamos tomar um posicionamento de luta e combate, porque estamos há séculos sofrendo com está podridão e não podemos mais permitir que as que vierem depois de nós, continuem sendo vítimas desta opressão patriarcal!

Eu me refaço destas lágrimas, coloco meu punho em riste e as convido para seguirmos em luta!

Obrigada, Bando!